Neste mês, entramos na campanha do setembro amarelo, que visa a prevenção do suicídio. É um período pertinente para fazer o alerta de que o cyberbullying pode desencadear tal consequência. Para se ter um parâmetro, segundo uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) com a participação de 188 mil jovens, 20% das vítimas de bullying se deparam com pensamentos suicidas.
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Em paralelo, o Anuário 2023 do Fórum Brasileiro de Segurança Pública indicou que 38% das escolas brasileiras registram casos de bullying, o que reforça o alerta de que o bullying é um problema nacional e fator determinante no suicídio entre a população jovem.
Setembro amarelo no combate ao cyberbullying
“Hoje temos o agravante do cyberbullying, que atinge a vítima onde ela estiver, pelas redes sociais ou pelos grupos de whatsapp. Se há alguns anos a vítima encontrava refúgio em casa, hoje ela é atingida pelo cyberbullying 24 horas por dia, onde ela estiver”, reflete a advogada Ana Paula Siqueira é autora de livro sobre bullying e doutoranda sobre o tema.
A especialista explica que a Lei 13.185/2015 (Lei do Bullying) estabelece os critérios que definem o bullying e a forma como o problema precisa ser tratado. “O bullying é a perseguição sistemática, cometida por uma ou mais pessoas contra a vítima, em forma de violência física ou psicológica, com origem no ambiente escolar, clubes ou agremiações”, pontua.
A prática em questão pode ser feita por meio de ameaça, exclusão e ofensas, geralmente contra a vítima considerada mais frágil, com discriminação por raça, sexo, orientação sexual ou outra característica.
“A Lei 13.185 estabelece iniciativas que devem ser tomadas para prevenir o bullying, como um plano de ação permanente das escolas, registrado, que inclui o desenvolvimento de uma cultura de paz no ambiente de ensino”, explica a advogada.
“Ela também estabelece normas sobre como os casos identificados devem ser corretamente tratados. Sem todas essas iniciativas, escolas, dirigentes e diretores ficam judicialmente e publicamente expostos, podendo arcar com as consequências tanto de processos quanto de julgamento quanto de mancha em suas reputações e imagens públicas”, completa a doutoranda.
Como identificar o cyberbullying?
A organização StopBullying, criada pelo Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA, aponta que o cyberbullying pode ocorrer por meio de SMS, texto e aplicativos, ou em mídias sociais, fóruns ou jogos onde as pessoas podem visualizar, participar ou compartilhar conteúdo.
O cyberbullying inclui enviar, postar ou compartilhar conteúdo negativo, prejudicial, falso ou maldoso sobre outra pessoa, e pode contar com o compartilhamento de informações pessoais ou privadas sobre outra pessoa, desencadeando constrangimento ou humilhação.
“Com a prevalência das mídias sociais e dos fóruns digitais, comentários, fotos, postagens e conteúdo compartilhado por indivíduos muitas vezes podem ser vistos tanto por estranhos quanto por conhecidos. O cyberbullying pode prejudicar a reputação online de todos os envolvidos, não apenas da pessoa que está sendo intimidada, mas daqueles que praticam o bullying ou participam dele”, relembra a instituição.
Um dos alertas é que a maioria das informações comunicadas eletronicamente é permanente e pública, se não for relatada e removida. Além disso, como os professores e os pais podem não ouvir ou ver o cyberbullying acontecendo, é mais difícil de reconhecer.
Sinais do cyberbullying
Os sinais de alerta de que um jovem está sendo vítima de cyberbullying envolvem aumentos ou diminuições perceptíveis no uso do dispositivo, incluindo mensagens de texto ou respostas emocionais (risos, raiva, chateação) ao que está acontecendo em seu dispositivo.
A vítima também pode esconder a tela ou o dispositivo quando outras pessoas estão por perto e evitar discutir o que está fazendo no dispositivo. Outro sinal é que as contas de mídia social são encerradas ou novas aparecem. Normalmente, o jovem em questão também passa a evitar situações sociais, fica retraído ou deprimido e perde o interesse pelas pessoas e atividades.
O que fazer ao desconfiar de um caso de cyberbullying
Se você notar sinais de alerta de que um adolescente pode estar envolvida em cyberbullying, é preciso ficar atento, fazer perguntas para saber o que está acontecendo, como tudo começou e quem está envolvido, além de manter um registro do que está acontecendo e onde. Por isso, faça capturas de tela de postagens ou conteúdos prejudiciais, se possível.
Vale contatar a escola ou entrar em contato com aplicativos ou plataformas de mídia social para denunciar conteúdo ofensivo e removê-lo. Algumas têm até políticas antibullying, como o Instagram. Se houver ameaças físicas ou se estiver ocorrendo um possível crime ou comportamento ilegal, a situação cabe até mesmo o envolvimento da polícia.
O setembro amarelo é uma ocasião para se ter conhecimento das possíveis causas do suicídio, e como o cyberbullying pode ser uma delas, é importante estar atento aos sinais.