Por que a escola precisa, com urgência, de um programa de combate ao bullying?


A série Adolescência da Netflix revela, de forma dura e necessária, o que pode acontecer quando sinais de sofrimento juvenil são ignorados pela comunidade escolar. O enredo, que acompanha um adolescente radicalizado digitalmente até cometer um crime brutal, mostra como a omissão diante do bullying pode ter consequências devastadoras — humanas, sociais e jurídicas.

Um dos pontos mais chocantes da série é a utilização de emojis como códigos secretos de pertencimento a grupos extremistas, como neonazistas, supremacistas brancos e comunidades misóginas da chamadas “manosfera”. Emojis, que deveriam expressar emoções e sentimentos, são ressignificados por redes de ódio para se comunicar discretamente, inclusive entre adolescentes.

Veja alguns exemplos abordados na série:

• Pirulito: associado à pornografia infantil, usado para representar o “doce proibido”.

• Copo de leite: símbolo de “pureza racial”, muito usado por supremacistas brancos.

• Dois raios: alusão direta à SS de Hitler, braço armado do regime nazista.


Esses símbolos são gerados pelo sistema Unicode, projetado para representar gestos, expressões faciais e emoções. Mas, em ambientes digitais, eles passaram a ser usados como forma de comunicação não-verbal entre grupos radicais, o que exige atenção redobrada por parte das escolas.

A série Adolescência da Netflix também evidencia como a manosfera — uma rede de fóruns digitais que disseminam misoginia, racismo e ideologias violentas — está se infiltrando no cotidiano de jovens através das redes sociais. A radicalização hoje não se dá apenas por doutrinação direta, mas por influência algorítmica contínua, silenciosa e disfarçada de entretenimento.

Neste cenário, ter um programa estruturado de combate ao bullying não é mais um diferencial — é uma medida de sobrevivência institucional. Ele permite identificar sinais precoces, acolher vítimas, orientar agressores e proteger toda a comunidade escolar de tragédias anunciadas.

Para Ana Paula Siqueira, especialista em bullying, o caso retratado na série é um alerta claro: a omissão da escola pode acarretar responsabilidade civil e criminal, especialmente diante da lei que entra em vigor em maio de 2025, voltada à proteção da saúde mental nas instituições de ensino.

Segundo a especialista, programas de prevenção ao bullying devem incluir:

• Formação continuada de professores e coordenadores;

• Canais seguros e sigilosos de escuta e denúncia;

• Protocolos claros de investigação e acompanhamento;

• Inclusão da educação digital e emocional no currículo.

Mais do que evitar processos ou escândalos, esses programas salvam vidas, preservam reputações e constroem uma cultura de paz.

Ignorar o bullying custa caro. Prevenir é sempre o melhor caminho.


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