Especialista em bullying e cyberbullying ressalta a importância de debater o tema no ambiente escolar
O Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2023, divulgado na última semana pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, traz dados inéditos sobre a violência nas escolas, um problema cada vez mais frequente no país, e traz um alerta: 38% dos colégios brasileiros enfrentam problemas com o bullying.
Dos diretores de 74 mil escolas que responderam à pesquisa, mais de 28 mil relataram registros de bullying. Os questionários foram respondidos por escolas que participaram do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) com informações referentes a 2021.
Para a advogada Ana Paula Siqueira, especialista em bullying e cyberbullying, o fato de a violência escolar ser incluída no anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública já demonstra a dimensão que o problema tomou no país.
“Quando consideramos que 38% das instituições escolares sofriam com o problema em 2021, em meio à pandemia, com muitas escolas fechadas ou em ensino híbrido, é possível analisar que a retomada integral das aulas torna o quadro ainda mais grave hoje”, avalia Ana Paula.
Além da retomada das aulas, a especialista ainda aponta dois fatores indicativos de que o problema pode estar se agravando. Com aulas online em 2021, muitos casos podem não ter chegado ao conhecimento dos diretores de escolas ou ocorrido em redes sociais, por meio do cyberbullying.
“Mesmo que a manifestação tenha ocorrido nas redes sociais, a origem ainda é o problema de relacionamento entre agressor e vítima no ambiente escolar”, explica Ana Paula. “O bullying está na origem de praticamente todo discurso de ódio e casos de violência ocorridos dentro de escolas em todo o mundo”.
2023: violência recorde
Um dos dados mais preocupantes, e que para Ana Paula Siqueira reflete uma das principais consequências do bullying, é o registro de um aumento exponencial de ataques em escolas.
De 2000 a 2022, o Brasil teve 16 casos. Em 2023, somente no primeiro semestre, foram 7. “A situação se repete em quase todos os casos. O autor do ataque sofreu bullying na escola e a violência foi uma forma de vingança pelas humilhações sofridas”, explica Ana Paula, destacando que os danos para as vítimas de bullying são duradouros.
As vítimas de bullying podem desenvolver problemas psicológicos e psiquiátricos que trarão reflexos negativos por longos períodos, como ansiedade, depressão e síndrome do pânico, por exemplo.
“É preciso tratar o problema com ações permanentes, programas de prevenção e intervenção quando um caso é identificado. Todos os envolvidos no ambiente escolar devem ser capacitados para lidar com o bullying, que traz consequências graves para as vítimas e para as escolas, que podem ser juridicamente responsabilizadas se não tiverem um plano de ação eficiente e documentado contra o bullying”, completa a advogada Ana Paula Siqueira.
https://marianakotscho.uol.com.br/educacao/anuario-de-seguranca-faz-alerta-o-bullying-e-um-problema-nacional.html – Blog da Mariana Kotscho – UOL
https://euclideseder.com.br/2023/09/07/estudo-indica-que-20-das-vitimas-de-bullying-ja-pensaram-em-autoexterminio/ – Euclides Eder
https://jmonline.com.br/saude/20-das-vitimas-jovens-de-bullying-pensam-em-autoexterminio-1.310645 – JM Online – Uberaba – MG
https://www.tribunaribeirao.com.br/site/20-das-vitimas-jovens-de-bullying-pensaram-em-suicidio/ – Tribuna de Ribeirão – Ribeirão Preto